Gramatização do português brasileiro nos séculos XIX e XX e início do século XXI
Resumo
Este trabalho tem por objetivo traçar um panorama geral no que diz respeito aos estudos sobre a gramatização do Português brasileiro. Partimos do pressuposto de que, ao longo dos séculos, a legitimação do saber gramatical colocou em xeque a unidade linguística, não sendo mais admissível defender a presença de uma única língua em territórios distintos. Para tanto, recorremos aos pressupostos de Orlandi (2002), para tratar do discurso gramatical em sua relação histórica com o sujeito e suas posições; de Auroux (1992), para conceber a gramatização tal como um processo em que gramáticas e dicionários são tecnologias, para só posteriormente colocarmos a ênfase sobre as Gramáticas Brasileiras Contemporâneas do Português. Focalizamos, assim, como corpus de análise, a Nova gramática do português brasileiro, de Castilho (2010), e a Gramática pedagógica do português brasileiro, de Bagno (2012), para verificar, através de suas introduções e de seus sumários, as posturas assumidas pelos linguistas diante do papel exercido pelos manuais em questão na atualidade e de que maneira o discurso gramatical desses manuais projeta os rumos dos posteriores a eles no século XXI. Além disso, interessa-nos medir até que ponto há uma ruptura com a tradição gramatical para que a primeira gramática se declare como “nova”, e a última antecipe em seu título certo compromisso com a prática pedagógica, isto é, com o ensino.
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PDFReferências
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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321.7.7.2.552-567
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