A linguagem do humor e do desejo em Dona Flor e seus Dois Maridos
Resumo
Este trabalho apresenta uma proposta de leitura do romance Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado, norteada por dois de seus elementos constitutivos: a construção da personagem cômica a partir de um traço obsessivo e a representação do desejo a partir do triângulo amoroso vivido por Dona Flor, a professora de Arte Culinária, e seus dois maridos, Waldomiro dos Santos Guimarães, de apelido Vadinho, e Teodoro Madureira, o farmacêutico. A natureza bifurcada desta proposta é inspirada em uma declaração do próprio romancista, feita nas páginas introdutórias da obra, que é o seu décimo terceiro romance, publicado em 1966. Ele afirma que tudo que quis, como ficcionista, foi fixar “aspectos do viver baiano e, em companhia dos leitores, sorrir à custa de certas ambições e hábitos da pequena-burguesia definitivamente sem jeito; de vez em quando, enternecer-se com essa ou aquela figura torta porém humana” (AMADO, 2000a, p. VIII). O objetivo deste trabalho é justamente analisar a linguagem do romance, pondo em evidência o modo como estão representados os lances mais pitorescos desse jogo entre o humor e o desejo. Para dar conta desses aspectos, o referencial teórico do trabalho segue por duas vertentes. Na vertente da linguagem erótica, destaca-se a obra de Affonso Romano de Sant´Anna, O canibalismo amoroso, 1984. Pelo lado da construção do humor, as referências principais são Vilma Áreas, Iniciação à comédia, 1999; Vladimir Propp, Comicidade e riso, 1992, e Cleise Mendes, A gargalhada de Ulisses, 2008.
Palavras-chave
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321.5.5.3%20esp.76-87
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