Dimensão formativa da escrita de si: vivências e necessidades de professores em formação inicial
Resumo
Este estudo tem como objetivo avaliar alguns aspectos relevantes das narrativas de professores em formação inicial, os quais envolvem não somente o movimento de escritura de diários de classe e a resistência à escrita, mas também a atividade de leitura desses diários e a tomada de consciência em relação aos acontecimentos da aprendizagem da docência. O contexto da realização da pesquisa deu-se durante o processo formativo de professores nas atividades realizadas no Estágio Supervisionado em Letras, em uma universidade pública do Rio Grande do Sul. Zabalza (2004), Telles (2002), Freire (1995, 1996) e Bakhtin (1992, 2010) são alguns dos teóricos que sustentam esta discussão. Com uma abordagem metodológica qualitativa, de cunho sociocultural (BAKHTIN, 2010, BOLZAN, 2006), elaboramos três categorias de análise: os enfrentamentos da vivência em sala de aula; as frustrações que tangenciaram a formação docente e a necessidade de readaptar-se e emergir. O estudo revela que a formação inicial de professores desenha-se na relação entre os percursos de formação e de autoformação, e nas experiências pessoais, que envolvem tanto os conhecimentos adquiridos quanto estudantes da Educação Básica como a trajetória profissional. Constatamos que o estudante de Letras, ao escrever seus diários e refletir sobre a própria escrita, foi-se constituindo como um profissional autocrítico.
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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-31301
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