Dimensão formativa da escrita de si: vivências e necessidades de professores em formação inicial

Bruna Viedo Kich, Adriana Claudia Martins

Resumo


Este estudo tem como objetivo avaliar alguns aspectos relevantes das narrativas de professores em formação inicial, os quais envolvem não somente o movimento de escritura de diários de classe e a resistência à escrita, mas também a atividade de leitura desses diários e a tomada de consciência em relação aos acontecimentos da aprendizagem da docência. O contexto da realização da pesquisa deu-se durante o processo formativo de professores nas atividades realizadas no Estágio Supervisionado em Letras, em uma universidade pública do Rio Grande do Sul. Zabalza (2004), Telles (2002), Freire (1995, 1996) e Bakhtin (1992, 2010) são alguns dos teóricos que sustentam esta discussão. Com uma abordagem metodológica qualitativa, de cunho sociocultural (BAKHTIN, 2010, BOLZAN, 2006), elaboramos três categorias de análise: os enfrentamentos da vivência em sala de aula; as frustrações que tangenciaram a formação docente e a necessidade de readaptar-se e emergir. O estudo revela que a formação inicial de professores desenha-se na relação entre os percursos de formação e de autoformação, e nas experiências pessoais, que envolvem tanto os conhecimentos adquiridos quanto estudantes da Educação Básica como a trajetória profissional. Constatamos que o estudante de Letras, ao escrever seus diários e refletir sobre a própria escrita, foi-se constituindo como um profissional autocrítico.


Palavras-chave


Processo formativo docente. Diário de classe. Aprendizagem da docência.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-31301

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