Considerações sobre a formação do professor de inglês em um mundo globalizado

Barbara Cristina Gallardo, Wélica Cristina Duarte de Oliveira

Resumo


Considerando as constantes mudanças nas formas de aprender e ensinar, argumentamos que as disciplinas de Prática de Ensino e Estágio dos Cursos de Letras (português/inglês) devem estar atentas às novas demandas das salas de aula/sujeitos. Dessa forma, a promoção do diálogo entre teoria e práticas contemporâneas que desafiam os métodos tradicionais de ensino se faz necessário. Neste artigo, apontamos, a partir de nossa experiência como formadoras de professores de línguas, a distância entre a concepção interacional da língua e a prática de ensino. Tal prática é ainda apresentada e internalizada como mero instrumento, por professores em formação. Constatamos, durante o acompanhamento desses professores, a necessidade do desenvolvimento das competências linguística e pedagógica ao longo de sua formação. Baseando-nos nos pressupostos da linguística aplicada (LEFFA, 2016; PAIVA, 2011), apresentamos a primeira versão de dois planos de aula, a fim de apontar: i) presença/ausência dessas duas competências e ii) a(s) concepção(ões) de língua privilegiadas. Os resultados sugerem que o ensino restrito da ‘forma’ da língua ainda é uma tendência que pode, entre algumas razões, estar ligada à falta da competência linguística; que o domínio das duas competências amplia o escopo de ensino/aprendizagem para além da sala de aula de línguas. Em um mundo conectado, as práticas digitais aliadas às competências propostas neste artigo podem fortalecer os cursos de licenciatura em línguas e, consequentemente, tornar a disciplina de língua inglesa protagonista na escola. Alguns autores que embasam este estudo são Gimenez (2013), Miccoli (2013), Monte Mor (2015), Moita Lopes (2013) e Pennycook (2017).


Palavras-chave


Estágio supervisionado. Formação de professor de inglês. Prática de ensino de língua inglesa.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-31274

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