Atitudes linguísticas em torno da língua de imigração e a sua (não) transmissão

Franciele Maria Martiny

Resumo


Este artigo apresenta reflexões sobre as atitudes linguísticas de falantes bilíngues, de uma cidade localizada no Oeste do Paraná, em dados levantados durante a Tese de Doutoramento (MARTINY, 2015) sobre políticas linguísticas em torno da língua alemã. Na referida pesquisa, de viés qualitativo, constatou-se, por meio de entrevistas, que um dos motivos para a não manutenção da língua de imigração na comunidade está diretamente relacionado ao contato com a língua de prestígio, o português, e o estigma que grupos apresentam com relação à língua minoritária, o alemão, o que culmina na decisão dos pais e avós de não a falarem mais e, ao mesmo tempo, a não transmissão dessa aos filhos. Nesse sentido, a partir do aporte teórico da sociolinguística, verifica-se a complexa relação entre sociedade e língua, refletida nas atitudes dos falantes e na diminuição da interação em alemão na localidade.


Palavras-chave


Atitudes linguísticas; língua de imigração; não transmissão da língua alemã.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321.7.7.2.297-313

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