A (des)legitimação da Libras em práticas discursivas online

Jubileia Mendes de Matos Coelho

Resumo


Este trabalho propõe analisar sete comentários veiculados no blog “Chongas” sobre a falta de competência linguística do surdo. A questão que orienta a pesquisa é: Como práticas discursivas podem contribuir para a (des)legitimação da Libras? Teoricamente, este trabalho baseia-se nos conceitos de Habitus, Competência Linguística e Língua Legítima, de Bourdieu (2004, 2008). A partir desses conceitos, destaca-se que a Língua Brasileira de Sinais, Libras, apesar de ser considerada como segunda língua oficial do Brasil, se mantém em uma relação subalterna em determinados discursos, fato evidenciado tanto nos excertos que a deslegitimam, quanto na necessidade de enunciar sua legitimidade como língua na modalidade gestual-visual. Com base na contribuição de Bourdieu, busca-se romper com práticas discursivas de exclusão e propor a legitimação da Língua de Sinais (modalidade gestual-visual) e o reconhecimento das diferenças linguísticas. Como resultado, pode-se observar que, nas práticas discursivas online, o habitus é considerado como um conjunto de práticas adquiridas nas interações e incorporadas às outras práticas sociais que formam o Capital Cultural do enunciador ou falante. No entanto, as posições não são neutras, mas permeadas por relações de poder evidenciadas nas práticas discursivas online.


Palavras-chave


Competência linguística. Língua legítima. Libras.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321.7.7.1.421-433

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