Embalagens de cigarro como espaço de embate entre destinador e antissujeito

Lucas Porto de QUEIROZ

Resumo


As embalagens em que são vendidos cigarros vêm se constituindo um texto sui generis: ao contrário do que ocorre com as empresas de praticamente todos os demais produtos que circulam em nosso dia a dia, as que se sustentam pela venda de cigarros, devido a um crescente e ao que parece irrefreável movimento de combate ao tabagismo, vêm tendo de explicitar, em suas próprias embalagens, os argumentos de quem quer justamente frear o ímpeto de venda e consumo desse produto. Noutras palavras, lançando mão do aparato teórico-metodológico da semiótica de linha francesa, a qual embasa nosso trabalho, diríamos que as empresas vendedoras de cigarro, enquanto destinadoras de determinados valores figurativizados em seu produto-cigarro, tentam manipular uma classe a mais difusa possível de sujeitos (potenciais clientes) no sentido de fazê-los cumprir a performance (comprar o produto) que, em última instância, mantém viva tal empresa destinadora. Ora, é evidente que a embalagem do cigarro cumpre papel importante na continuidade dessa relação entre empresa e cliente. Ocorre que, já há algumas décadas, outros destinadores (ministérios da saúde de vários países, Organização Mundial da Saúde etc.) têm se sobreposto a essa relação inicialmente travada entre empresa e cliente, tentando fazer os (potenciais) fumantes crerem que o cigarro traz, muito mais que os valores euforizados pelo destinador, malefícios à saúde, vale dizer, antivalores. O texto que embala os cigarros, então, tornou-se reflexo desse embate entre destinador (empresas) e antissujeito (Organização Mundial da Saúde, por exemplo). Observemos, em alguns textos, como isso tem se manifestado.


Palavras-chave


Semiótica. Destinador. Antissujeito.

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Referências


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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321.7.7.1.249-263

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