Construções italianas correspondentes à perífrase portuguesa FICAR + particípio passado

Andressa Spinosa Almeida

Resumo


Partindo de Bertinetto (1986), que define perífrase como construção formada por um verbo modificador que aponta para uma informação gramatical e por um verbo principal que mantém seu significado lexical, entendemos que o objetivo da tradução das perífrases verbais é, principalmente, alcançar equivalência de sentido entre língua fonte e língua alvo. Para nossa análise, em uma abordagem funcional, tomando por referência as pesquisas de Lehmann (2008) e Ribeiro (2016), escolhemos comparar, devido à complexidade do sentido do auxiliar ficar, a construção perifrástica formada por ficar seguido de particípio passado codificando eventos de mudança de estado com construções da língua italiana que carregam um sentido mais aproximado, a fim de testar a hipótese de que o verbo ficar correspondem, em italiano, a variadas construções com verbos diferentes. As construções correspondentes foram coletadas do corpus paralelo OPUS, subcorpus Opentitles 2018 tanto na direção do português para o italiano, como na direção inversa. Os resultados mostraram que o verbo ficar em português corresponde predominantemente a construções perifrásticas com os verbos essere, stare, diventare e rimanere e que o verbo diventare é usado quando a construção com ficar expressa mudança de estado, e os verbos essere, stare e rimanere, quando ficar codifica ideia de permanência, com ou sem processo pressuposto. Tais dados podem ser úteis para os estudos tradutórios e o ensino das línguas portuguesa e italiana como estrangeiras.


Palavras-chave


perífrase verbal; tradução; incoatividade.

Texto completo:

PDF

Referências


BARREIRO, A. M. Propriedades sintáctico-semânticas dos particípios passados em português europeu. 1998. Dissertação (Mestrado em Linguística). Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, 1998.

BORBA, F. da S. Uma gramática de valência para o português. São Paulo: Ática, 1996.

BERTINETTO, P. M. Tempo, Aspetto e Azione nel verbo italiano: il sistema dell’indicativo. Firenze: Accademia della Crusca, 1986

CASTAGNA, V. A perífrase verbal deixar de e a sua tradução para italiano. In: Studi in ricordo di Carmen Sánchez Montero, p. 69, 2006. Disponível em: https://iris.unive.it/handle/10278/37012#. Acesso em: 18, nov. 2021.

CÂMARA JR., J. M. Princípios de Linguística Geral. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1976.

CHAFE, Wallace L. Meaning and the structure of language. Chicago: The University of Chicago Press, 1970. Trad. Maria Helena de Moura Neves et ali. Significado e estrutura lingüística. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos, 1979.

DIK, S. The Theory of Functional Grammar. 2 vols., ed. por K. HENGEVELD. Berlim e Nova York: Mouton de Gruyter, 1997.

GROCHOWSKA-REITER, A. Ausiliari del passivo nella didattica dell’italiano LS. Studia Romanica Posnaniensia, v.47, n.2, p. 33-46, 2020.

GUREVICH, D.; ZHOLUDEVA, L. Perífrases verbais com gerúndio ir+gerúndio e andare+gerundio em português e italiano. Confluência: Revista do Instituto de Língua Portuguesa, ISSN-e 2317-4153, Nº. 57, p. 75-89, 2019.

HOPPER, P. J. Aspect and foregrounding in discourse. In: GIVÓN, T. Sintax and semantics. Discourse and Sintax v. 12, New York: Academic Press, 1979, p. 213-241.

INFO24. Corso di portighese, 2008. Disponível em: https://www.corso-di-portoghese.com/content/grammatica/contenuto-grammatica.htm. Acesso em 18 jun. 2023.

LANGACKER, R. W. Cognitive grammar: a basic introduction. New York: Oxford University Press, 2008.

LEHMANN, C. A auxiliarização de ficar. In: PINTO DE LIMA, J.; SIEBERG, B. (eds.), Questions of language change. Lisboa: Colibri. 2008. p.9-26. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/299636928_A_auxiliarizacao_de_ficar_Linhas_gerais

LIMA, M. C. A não-atribuição de causalidade na Crônica Geral de Espanha de 1344. 2009. Tese (Doutorado em Linguística). Programa de Pós-Graduação em Linguística. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2009.

LOCATELLI, L. L'acquisizione della costruzione passiva con 被 bèi nel cinese LS: analisi degli errori di apprendenti italofoni. 2021. Tesi (Laurea Magistrale in Interpretariato e Traduzione editoriale, settoriale). Universitá Ca' Foscari Venezia, Veneza, 2021

MARTINS, M. B.S. A. Uma análise construcionista da mudança de estado em português e espanhol. In: XI CONGRESSO BRASILEIRO DE HISPANISTAS. Anais eletrônicos. Campina Grande: Realize Editora, 2020. Disponível em: . Acesso em: 11 jun. 2023

NÚÑEZ ROMÁN, F. Diátesis pasiva en italiano y español. Apuntes para un análisis contrastivo. Language Design, nº 11, págs. 79-92, 2009.

PIPPA, S. Tradurre l’aspetto: questione sulla resa in italiano di perifrasi verbali portoghesi. In: Di naufragi ne sono più che il mare. Roma: Roma Tre-Pres, 2019.

RIBEIRO, Roza Maria Palomanes. As construções resultativas nas línguas românicas: um estudo com base na Gramática Cognitiva das Construções. Caligrama: Revista de Estudos Românicos, [S.l.], v. 20, n. 2, p. 95-113, jan. 2016.

ROCHA, L. F. C. Uma análise dos aspectos semânticos de ter, tener e haber em construções com o particípio passado, no português brasileiro e no espanhol. Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), [S. l.], v. 46, n. 1, p. 280–295, 2017.. Disponível em https://revistas.gel.org.br/estudos-linguisticos/article/view/1621. Acesso em: 6, dez. 2021. Stanford/California: Stanford University Press, 1991.

TREBISACCE, R.; FERRERO, V.; BASSO, R. M. Sabores do progressivo na România Nova: a perífrase perfectiva progressivo no português brasileiro e no espanhol argentino. 39 Revista de Estudos da Linguagem, [S.l.], v. 29, n. 3, p. 2079-2115, apr. 2021. ISSN 2237- 2083. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/17382. Acesso em: 06, dez. 2021.




DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-22743

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


URL da licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/deed.es

Entrepalavras © 2012. Todos os direitos reservados.
Av. da Universidade, 2683, Benfica, CEP 60020-180, Fortaleza-CE | Fone: (85) 3366.7629
Creative Commons License
Entrepalavras (ISSN: 2237-6321) está licenciada sob Creative Commons Attribution-NonCommercial 3.0.