Notas sobre o corpus em estudos da linguagem: a perspectiva fractal e a Técnica da Saturação Teórica

Aurelina Ariadne Domingues Almeida

Resumo


Neste artigo, a linguagem e o corpus, constituído para estudá-la, são compreendidos como fractal – objeto que mantém sua forma invariável, quando medido em qualquer escala; que é obtido por processos recursivos e que apresenta auto-similaridade, complexidade infinita e dimensão. A Técnica da Saturação é uma ferramenta conceitual que, amparada por essa perspectiva fractal da linguagem, sustenta a constituição do corpus. Em face destas concepções e, com base nas discussões viabilizadas pela Teoria da complexidade (CAPRA, 2006 [1996]; MORIN, 2009 [1999]; MATURANA; VARELA, 2001 [1984]), aqui, é proposto, no plano metodológico, o emprego da Técnica da Saturação (GLASER; STRAUSS, 1967; FONTANELLA, RICAS; TURATO, 2007), visando à constituição de corpus no âmbito dos estudos da linguagem e, em particular, de pesquisas empreendidas em Linguística Cognitiva, demonstrando a sua aplicabilidade através do fenômeno da conceptualização, a partir dos trabalhos de Santana (2019) e Duque (2020). Os resultados alcançados por esses autores demonstram a validade dessa proposta teórico-metodológica para o desenvolvimento de estudos acerca dos fenômenos da linguagem.

Palavras-chave


Linguagem; Fractal; Corpus; Técnica da saturação.

Texto completo:

PDF

Referências


ABREU, A. S. Figuras de construção e imagens: aspectos cognitivos e funcionalidade retórica. YouTube, 23 nov. 2020. Disponível em: ICIGELP - DIA 25: Antonio Suarez Abreu - YouTube Acesso em: 01 jun. 2022.

ALMEIDA, A. A. D. A tessitura do conhecimento: o corpus na construção de estudos semânticos sócio-histórico-cognitivos. In: SOUZA, R.; BORGES, R.; Almeida, I.; SOUZA, D. Filologia em diálogo: descentramentos culturais e epistemológicos. Salvador: Arte& Memória, 2020a, p. 148-184. Disponível em: https://www.memoriaarte.com.br/_files/ugd/33823c_484db24267204deab916bd4bd15eedf0.pdf Acesso em: 10 out. 2021.

ALMEIDA, A. A. D. Estamos sempre em guerra? Estudo cognitivo sócio-histórico de uma metáfora da Gripe Espanhola e da COVID-19. Estudos Linguísticos e Literários, Salvador, v. 69, p. 366-395. 2020b. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/estudos/article/view/44310/24478 Acesso em: 05 out. 2021.

ALMEIDA JÚNIOR, A. T. Espaços e atratores – estratégias de categorização na emergência de inferências sobre a conceitualização de violência. 2013. Tese (Doutorado em Linguística) – Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2013.

BARRETO, D. P. Conceptualização/categorização do estupro: um estudo sócio-histórico-cognitivo. 2021. Tese (Doutorado em Língua e Cultura) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2021.

BERNÁRDEZ, E. De la "lingüística catastrofista" a la lingüística cognitiva. Revista de Filología Alemana, Madrid, n.2, p. 181-199, 1994. Disponível em: (PDF) De la "lingüística catastrofista" a la lingüística cognitiva (researchgate.net) Acesso em: 05 out. 2021.

BRANDT, P. A. La Charpente modale du sens, Amsterdam: John Benjamins, 1992.

CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. Trad. Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: Cultrix, 2006 [1996].

CAPRA, F.; LUISI, P. L. A visão sistêmica da vida: uma concepção unificada e suas implicações filosóficas, políticas, sociais e econômicas. Trad. M. T. Eichemberg e N. R. Eichemberg. São Paulo: Cultrix, 2014.

CHARAUDEAU, P. Dize-me qual é teu corpus, eu te direi qual é a tua problemática. Diadorim, Rio de Janeiro, v. 10, p. 01-23, 2011. Disponível em: http://www.revistadiadorim.letras.ufrj.br. Acesso em: 05 jun. 2022.

DUQUE, P. H. A covid-19 em charges: uma análise baseada em frames. Estudos Linguísticos e Literários, Salvador, v. 69, p. 106-127, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/estudos/article/view/44290 Acesso em: 04 mai 2022.

FERNÁNDEZ JAÉN, J. Semántica histórica y teoría del caos. Res Diachronicae, [s.l], v. 6, p. 21-39, 2008. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2718809 Acesso em: 04 mai. 2022.

FONTANELLA, B. J. B; RICAS, J. TURATO, E. R. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 17-27, 2008. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csp/2008.v24n1/17-27/ Acesso em: 04 out.2021.

KOHLER, R. Are there Fractal Structures in Language? Units of Measurement and Dimensions. Linguistics. Journal of Quantitative Linguistics, v. 4, p.122-125, 1997. Disponível em: https://www.tandfonline.com/action/showCitFormats?doi=10.1080%2F09296179708590085 Acesso em: 05 out. 2022.

LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Philosophy in the flesh: the embodied mind and its challenge to western thought. New York: Basic Books, 1999.

MAFFESOLI, M. A ordem das coisas: pensar a pós-modernidade. Trad. A. CHIQUIERI Rio de Janeiro: Forense, 2016.

MANDELBROT, B. B. The Fractal Geometry of Nature. New York: W. H. Freeman, 1977.

MATURANA, H; VARELA, F. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. Trad. Humberto Mariotti e Lia Diskin. São Paulo: Palas Athena, 2001 [1984].

MELO E CASTRO, E. M. As ilhas do arquipélago. Via Atlântica, [s.l], v. 1, n. 1, p. 108-115, 1997. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/48675 Acesso em: 04 out. 2021.

MELO E CASTRO, E. M. Concepção fractal da Língua Portuguesa. 2016. Disponível em: Musa Rara » Concepção fractal da Língua Portuguesa Acesso em: 04 out.2021.

MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Trad. Eloá Jacobina. Rio de Janeiro: Bertrand, 2009 [1999].

NAJAFI, E, DAROONEH, A. H. The Fractal Patterns of Words in a Text: A Method for Automatic Keyword Extraction. PLoS One, v. 10, n. 6, p. 1-18, jun., 2015. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0130617 Acesso em: 05 out. 2022.

NASCIMENTO et al. Saturação teórica em pesquisa qualitativa: relato de experiência na entrevista com escolares. Revista Brasileira de Enfermagem, [s.l.], v. 71, n. 1, p. 243-248, 2018. Disponível em: http://old.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672018000100228&script=sci_arttext&tlng=pt#:~:text=Quando%20o%20roteiro%20de%20entrevista,dever%C3%A3o%20ser%20realizadas(2). Acesso em: 04 out.2021.

PAIVA, V. L. M. de O. A metonímia como processo fractal multimodal. Veredas, Juiz de Fora, v.14, n.1, p. 07-19, 2010. Disponível em: http://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2010/04/ARTIGO-1.pdf. Acesso em: 05 fev. 2022.

PAIVA, V. L. M. de O. Língua(gem) como sistema complexo e multimodalidade. ReVEL, [s.l.], v. 14, n. 26, p. 331-344, 2016. Disponível em: www.revel.inf.br Acesso em: 04 out. 2021.

PAIVA, V. L. M. de O. Linguagem e aquisição de segunda língua e na perspectiva dos sistemas complexos. In: BURGO, V. H.; FERREIA, E.F.; STORTO, L. J. Análise de textos falados e escritos: aplicando teorias. Curitiba: CRV, 2011. p. 71-86.

PAIVA, V. L. M. O. Modelo fractal de aquisição de línguas. In: BRUNO, F. C. (Org.). Reflexão e prática em ensino/aprendizagem de língua estrangeira. São Paulo: Clara Luz, 2005, p. 23-36. Disponível em: MODELO FRACTAL DE AQUISIÇÃO DE LÍNGUAS (veramenezes.com) Acesso em: 04 out.2021.

PETITOL, J. Syntaxe topologique el grammaire cognifive. Langages, [s.l.], v. 25, n. 103, 1991, p. 97-128. Disponível em: Syntaxe topologique et grammaire cognitive - Persée (persee.fr) Acesso em: 07. fev. 2022.

PISEMSKAYA, N. B. El lenguaje y la teoría del caos. Opcion [online], Maracaibo, v. 23, n. 53, p. 38-51, 2007. Disponível em: El lenguaje y la teoría del caos (scielo.org) Acesso em: 04 out.2021.

RODRIGUES, A. S. A gramática do léxico: morfologia derivacional e o léxico mental. München: LINCOM, 2015. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/153413944.pdf Acesso em: 04 out.2021.

SANTANA, N. M. O. Estudo sócio-histórico-cognitivo das conceptualizações e categorizações do amor em cartas dos séculos XIX e XX. 2019. Tese (Doutorado em Língua e Cultura) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2019.

SHANON, B. Fractal patterns in language. New Ideas in Psychology, v. 11, ed. 1, p. 105-109, mar., 1993. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0732118X93900237. Acesso em: 05 out. 2022.

SILVA T. D. L. da; SILVA, E. M. da. Mas o que é mesmo Corpus? – Alguns Apontamentos sobre a Construção de Corpo de Pesquisa nos Estudos em Administração. In: XXXVII ENCONTRO DA ANPAD, 37, 2013, Rio de Janeiro. Anais [...]. Maringá: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. 2013, p. 1-15. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2013_EnANPAD_EPQ1021.pdf. Acesso em: 17 fev. 2022.

TEIXEIRA, J. O equilíbrio caótico do significado linguístico. Diacrítica, Braga, n.18, p. 189-207, 2004. Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4335/1/caosSignific.pdf Acesso em: 05 out. 2021.

ZAMORO AGUILAR, A. Teorías del caos y lingüística: aproximación caológica a la comunicación verbal humana. Signa. Revista de la Asociación Española de Semiótica, Biscaia, v. 21, p. 679-705, 2012. Disponível em: https://revistas.uned.es/index.php/signa/article/view/6323/6056 Acesso em: 05 out. 2021.




DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-12737

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2024 Aurelina Ariadne Domingues Almeida

URL da licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/deed.es

Entrepalavras © 2012. Todos os direitos reservados.
Av. da Universidade, 2683, Benfica, CEP 60020-180, Fortaleza-CE | Fone: (85) 3366.7629
Creative Commons License
Entrepalavras (ISSN: 2237-6321) está licenciada sob Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0.