Ethé discursivos de Getulio Vargas nas marchinhas Gê-Gê (1931) e O Retrato do Velho (1951)

Davi Costa da Silva, Raquel Abreu-Aoki

Resumo


O objetivo deste trabalho é analisar discursivamente as marchinhas Gê-Gê (Seu Getulio), de Lamartine Babo, e O Retrato do Velho, de Haroldo Lobo e Marino Pinto, identificando e demonstrando os ethé, imagens projetadas para Getulio Vargas (GV) nessas canções. Compostas em 1931 e 1951, respectivamente, as marchinhas se inserem em contextos políticos distintos, os quais ensejaram construções de ethé para Getulio Vargas adequados à necessidade histórico-discursiva de cada momento. Do ponto de vista teórico, este trabalho dialoga, sobretudo, com a Teoria Semiolinguística do Discurso e o ethos político de Patrick Charaudeau (1994; 2004; 2014; 2018). Nesses trabalhos, o autor situa o ethos como uma estratégia de persuasão que condiciona a adesão do público à figura e aos ideais de um dado político, o que coloca o ethos em posição de centralidade no discurso político. A análise discursiva do corpus apontou que foram traçados os ethé de moderno, patriota e revolucionário na marchinha Gê-Gê (Seu Getulio), e os ethé de chefe, popular, carismático e experiente na marchinha O Retrato do Velho. Embora produzidos em uma instância cidadã, esses discursos reiteram ideias normalmente advindas de uma instância política, uma vez que incorporam o discurso oficial da época e delineiam ethé positivos e elogiosos para o presidente Getulio Vargas.


Palavras-chave


Análise do Discurso; discurso político; ethos discursivo; marchinha; Getulio Vargas.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-32699

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