Cognition, Grammaticalization and Syntactic Change. The emergence of Compound Tenses in Portuguese
Resumo
Este artigo analisa o processo histórico da gramaticalização de aver/ter em tempos compostos, uma vez que, a este respeito, o Português conheceu uma evolução quase única no espaço românico. A nossa pesquisa mostrou que a mudança de auer/ter indicando posse para estruturas em que funciona como auxiliar envolveu um processo de recategorização semelhante ao dos verbos go, come ou have em algumas línguas, partilhando com elas uma caraterística fundamental: o facto de, numa fase da transição, se terem desenvolvido construções passíveis de serem interpretadas de ambas as maneiras (expressando simultaneamente resultado e tempo). Assim, tal como nessas línguas, o processo de recategorização envolve um estádio intermédio de ambiguidade estrutural em que uma determinada construção pode ser duplamente interpretada. Tentaremos clarificar o processo gradual de reanálise de ter no período medieval, com base num corpus jurídico original (sécs. XIII-XVI), por nós transcrito, oriundo de um importante centro cultural medieval, o mosteiro de Alcobaça (entre Coimbra e Lisboa). O corpus é constituído por 153 documentos originais não apenas do mosteiro, mas igualmente dos ‘coutos’, áreas circundantes sob sua jurisdição, e datam de entre 1289 e 1565.
Palavras-chave
Gramaticalização; Auxiliares; Tempos compostos.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321.3.3.2.33-57
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