A posição do falante em relação ao valor facultativo instaurado no português do Ceará

Liliane Viana Lima, Nadja Paulino Pessoa Prata

Resumo


Segundo Hengeveld e Mackenzie (2008), a modalidade facultativa é uma categoria semântica que diz respeito a habilidades e capacidades de um indivíduo (quando orientada-para-o-participante) ou a condições físicas circunstanciais de ocorrência de um determinado evento (quando orientada-para-o-evento). Com base nessa premissa, objetivamos, com esta pesquisa, descrever e analisar aspectos da modalidade facultativa que mantenham relação com os parâmetros de inclusão do falante no português cearense, tendo em vista as relações existentes entre os níveis Interpessoal e Representacional e Morfossintático na GDF (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008) Para esta análise, utilizamos o subprojeto do corpus PROFALA intitulado “O português falado no Ceará”, do qual escolhemos uma amostra de 60 entrevistas do tipo DID. Após a leitura das entrevistas e  a análise quali-quantitativa, identificamos a existência de um continuum de uso do posicionamento do falante em relação valor facultativamente modalizado, que pode permitir-lhe (i) incluir-se totalmente no valor modal facultativo (eu; nós); (ii) incluir-se indiretamente no valor modal facultativo por meio de termos generalizadores (todo mundo; ninguém; você genérico, etc.); (iii) não se incluir no valor modal facultativo (terceira pessoa; sujeito indeterminado). Consequentemente, esta inclusão está diretamente ligada à orientação da modalidade facultativa, de modo que, quanto maior a inclusão do falante, maior a tendência a ocorrer a modalidade facultativa orientada-para-o-participante. Por outro lado, a tendência a não-inclusão propiciaria a modalidade facultativa orientada-para-o-evento.


Palavras-chave


português falado no Ceará; Gramática Discursivo-funcional; Funcionalismo

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-12595

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