Tecnologia digital e aprendizado da língua portuguesa entre imigrantes e refugiados no Brasil

Claudia Cristina Sanzovo

Resumo


O presente estudo, de caráter qualitativo exploratório, tem como objetivo apresentar dados relativos às ferramentas tecnológicas digitais utilizadas por imigrantes e refugiados residentes no Brasil no aprendizado/prática da língua portuguesa de acolhimento. Considerando a língua como a base para a comunicação e a integração social, o estudo destaca como referenciais teórico-epistemológicos as questões migratórias e da língua de acolhimento em Milesi e Andrade (2015), Barbosa e São Bernardo (2017), a língua e a aprendizagem em Stern (1983), Cassany (1999), Oliveira (2010), Silva (2012) e Paterson (2012), os letramentos em Kleiman (2005) e as tecnologias digitais em Kenski (2012), Prensky (2010) e Selwyn (2017) e, a partir dos dados coletados por meio de um questionário de pesquisa aplicado em onze comunidades de migrantes no Facebook, destaca-se como resultado que a maioria dos pesquisados possuem um nível de escolaridade elevado em seus países de origem, mas apresentam dificuldades com a aprendizagem da gramática e com as variações linguísticas da língua portuguesa, principalmente, por indicarem, na sua maioria, que o aprendizado/prática ocorre no ambiente familiar, no trabalho e na internet (Duolingo, Youtube, Facebook, Instagram), o que evidencia a carência de cursos formais específicos da língua portuguesa de acolhimento (Plac).


Palavras-chave


Tecnologia digital. Língua portuguesa. Migrantes.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-32199

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