“Gosto de ser desafiada intelectualmente”: a construção identitária de professores do ensino superior em uma atividade formativa
Resumo
O mundo tem passado por profundas transformações, muitas delas motivadas pelas tecnologias digitais, que acabam por modificar a forma como nos relacionamos, trabalhamos, lemos e comunicamos, bem como a maneira como percebemos a nós mesmos. Uma vez que a forma como ensinamos e aprendemos é impactada por essas mudanças, passa a ser dever das universidades, responsáveis pela formação dos professores, inserir os seus educadores na cultura híbrida e multimodal. Pensando nisso, desenvolveu-se uma formação em uma universidade comunitária e confessional no Sul do Brasil para estimular os professores da graduação e pós-graduação a entrarem na cultura híbrida e multimodal. A atividade requereu a criação de cartas contendo uma foto e uma curta narrativa sobre si mesmos. Partindo da percepção de que identidades surgem na construção feita da imagem própria e da dos outros (DE FINA, 2015) e considerando que a escolha de palavras contém imagens reveladoras da maneira como o narrador percebe a si mesmo (DAVIES; HARRÉ, 1990), o objetivo deste artigo é analisar a maneira como professores universitários constroem suas identidades e se posicionam discursivamente numa narrativa multimodal. Para esta pesquisa, participaram três profissionais da Escola Politécnica e três da Escola das Humanidades. Os resultados mostram que as mídias sociais interferem na forma como escrevem e que um dos fatores que distingue um grupo do outro é a maior identificação com a profissão docente por parte dos professores da Escola das Humanidades.
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PDFReferências
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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-12007
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