Denominações para “nuca” e “tornozelo” a partir dos dados do APFB e do Projeto ALiB
Resumo
Sabe-se que a língua é particular em épocas distintas. No que tange o léxico, algumas formas podem, com o tempo, cair em desuso; novas formas podem surgir; outras podem ter sua frequência de uso aumentada, enquanto que umas, diminuída. Além disso, há a possibilidade de ressignificação dessas formas. Tem-se, dessa maneira, a variação diacrônica: aquela que ocorre através do tempo. Este trabalho objetiva acrescentar conhecimentos aos estudos diacrônicos geolinguísticos. Orienta-se, portanto, pelos pressupostos teóricos e metodológicos da Dialetologia e da Geolinguística. Nesta perspectiva, este estudo propõe realizar análise comparativa das respostas para duas perguntas pertencentes ao campo lexical do corpo humano e coincidentes entre o Atlas Prévio dos Falares Baianos (APFB) e o banco de dados do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (Projeto ALiB). Essas perguntas foram aplicadas aos colaboradores em dois tempos distintos – entre 1960 e 1961 (APFB) e entre 2001 e 2013 (Projeto ALiB). Serão estudadas e comparadas as nove localidades baianas em comum entre os corpora. O objetivo da comparação é verificar as semelhanças e diferenças no que tange a denominação para os itens “nuca” e “tornozelo”. Para cumprir com esse objetivo, são estudadas, a partir do banco de dados do Projeto ALiB, as respostas para as perguntas 104 – Nuca e 118 – Tornozelo em 36 entrevistas linguísticas. Comparam-se os resultados obtidos com os dados das cartas linguísticas 56 (Nuca) e 63 (Tornozelo) do APFB. Os resultados demonstram a variação diatópica assim como uma diferenciação entre os dados do APFB e do Projeto ALiB.
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PDFReferências
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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-21597
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