O canto unificado de “Muito romântico”

Zeno Queiroz

Resumo


Este artigo propõe um exercício analítico em torno de “Muito romântico”, canção de Caetano Veloso que integra o long play Muito: dentro da estrela azulada, de 1978. Temos por meta investigar o modo como letra e melodia se compatibilizam para criar um efeito de sentido que, em conformidade com a postura de Caetano contrária a qualquer tipo de cristalização criativa, escape daquilo que comumente se espera do discurso romântico. Nossa hipótese é de que uma escuta despretensiosa da canção pode apressadamente levar a crer que o seu enunciador se dedica tão somente ao recrudescimento da dimensão da intensidade e à minimização da extensidade; uma leitura mais atenta, porém, que tenha na semiótica discursiva seu aporte teórico, revela, na verdade, uma outra face do enunciador, o qual, buscando criar um sentido unificado de identidade para poder polemizar com a alteridade que o interpela, aposta em um sutil jogo tensivo entre tematização e passionalização, modos opostos de compatibilização entre letra e melodia. No limite, intencionamos discutir, ainda que de forma apenas introdutória, a respeito da noção de estilo na canção, buscando apontar a maneira pela qual a dicção de um enunciador-cancionista pode ser depreendida da análise dos modos de compatibilização entre melodia e letra.


Palavras-chave


Semiótica Discursiva. Canção. Identidade. Estilo.

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Referências


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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-21426

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