Letramento e argumentação no ensino de língua portuguesa
Resumo
A ressignificação do ensino de língua portuguesa vem sendo realizada por diferentes projetos de intervenção desenvolvidos, sobretudo, por professores vinculados ao Mestrado Profissional em Letras, dentre os quais, alguns já estão engajados em novos projetos em fase doutoral. Desse grande esforço em rede nacional, discutimos, neste artigo, como os estudos de letramento (KLEIMAN, 1995; 2000; STREET 2014 [1995]) e de argumentação (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 1996 [1958]) podem se configurar como aportes para repensarmos o ensino da argumentação. Assim, pretendemos colaborar com as reflexões sobre os estudos da argumentação aplicados ao ensino de línguas, tendo em vista a necessidade de formação de professores em nível de graduação e de pós-graduação. Por concebermos a argumentação como um processo interacional (PLANTIN, 2010 [1996]), discursivo, complexo e multidimensional, objetivamos discutir as características de práticas pedagógicas que pretendem promover pontes entre os usos sociais da escrita e a argumentação, exigência para a formação cidadã. Para tanto, empreendemos um estudo exploratório, de natureza qualitativa e interpretativista, por isso tomamos por referência as pesquisas de Ribeiro (2015) e Aquino (2018) que submeteram o uso da leitura e escrita às necessidades sociais dos estudantes de ensino fundamental. Os resultados apontam que o trabalho com a argumentação pode ser um meio privilegiado para formar sujeitos com posicionamentos políticos que demonstrem raciocínio lógico, plausível e ético dentro e fora da escola.
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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-11383
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