Ensino de Língua de Sinais Brasileira como primeira língua: currículo em práticas no estágio do Letras Libras

Margarida Maria Pimentel de SOUZA, Sandra Patrícia de Faria-Nascimento, Francisca Geny Lustosa

Resumo


Este artigo partilha experiências do estágio supervisionado do Curso de Licenciatura em Letras-Libras, no ensino da Língua de Sinais Brasileira (Libras ou LSB) como primeira língua (L1), sob três aspectos interrelacionados: (a) o estágio como vivência reflexiva e colaborativa; (b) a imersão do estudante em prática docente sociointeracionista, refletindo sobre os conceitos de língua materna e o currículo de Libras como L1; e (c) a escola como território de produção de cultura, lugar de (des)territorialização dos estágios e (des)construção de identidades dos estudantes. Os dados para análise foram extraídos dos registros do estágio da primeira turma de Letras Libras/UFC, em atividades produzidas nos semestres letivos 2017.1 e 2017.2. Os fundamentos teóricos que embasaram as experiências desse estágio foram desenvolvidas por meio da Sequência (Didática) Fedathi (BORGES-NETO, 2017a; 2017b), apoiaram-se no aporte sociointeracionista proposto por Vygotsky (1989; 1993), no ideário da consciência metalinguística (GIUSTINA; ROSSI, 2008), em intercessão com literatura específica na área da surdez (LANE, 1992; SACKS, 1998). Os relatórios apresentados pelos estagiários, em Libras, refletiram os resultados da empiria, apresentando a urgência da sistematização do currículo de Libras como L1, nos diferentes níveis de ensino. Ao final desta experiência, pode-se afirmar que as diferentes etapas problematizaram o currículo, a escola e o ensino de Libras como L1, e oportunizaram vivências da tríade: educando (da escola), estagiário e professores (supervisores), delineando um arcabouço rizomático, como ponte à constituição da profissionalização dos (futuros) docentes de Libras.


Palavras-chave


Estágio. Ensino de Libras. Primeira Língua (L1). Currículo.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-31333

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