A coesão nominal em livros didáticos do ensino médio: uma análise à luz do Interacionismo Sociodiscursivo
Resumo
O objetivo principal deste trabalho é analisar, à luz do Interacionismo Sociodiscursivo, as propostas de ensino e aprendizagem da coesão nominal em duas coleções de livros didáticos de Português do Ensino Médio adotada pelo Programa Nacional do Livro Didático –PNLD. Para tanto, verificou-se que o ensino da coesão nominal nos livros didáticos aborda os elementos coesivos com função de introdução ou de retomada; também foi analisado se/como as propostas de abordagem de atividades nos livros didáticos contemplam as classes gramaticais como elementos linguísticos que contribuem para a coesão nominal ou se sua abordagem esvazia-se na nomenclatura gramatical ou estrutural. Para a análise, discutiram-se as contribuições dos estudos de Bronckart (1999; 2012), Machado (2009), Givón (1995), Dik (1978), Halliday & Hasan (1976), Apothéloz (2003) e Adam (2011). A pesquisa constatou que os livros trabalham a diferença entre anáfora e catáfora, atribuindo, no entanto, um olhar mais resumitivo a esta. Também constatou-se que, na maioria das questões, mesmo que sutilmente, o foco esvazia-se no ensino nomenclatural ou de identificação ou internalização de conceitos; quando se afirma estar trabalhando os conteúdos gramaticais, a fim de construir a coesão no texto, percebe-se que as questões pouco exploram as possibilidades de construção de progressão textual, limitando as formas de coesão a exercícios de substituição, objetivando que o aluno aprenda as classes gramaticais. Tal fato evidencia, assim, uma perspectiva que vê as classes gramaticais como elementos de coesão, no entanto limitada.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ADAM, J-M. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. 2 ed. Revista e aumentada. São Paulo: Cortez, 2011.
APOTHÉLOZ, D. Papel e funcionamento da anáfora na dinâmica textual. In: BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 3 ed. Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1984;1998).
BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem: por um interacionismo sociodiscursivo. 2 ed. São Paulo: EDUC, 1999;2012.
CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Referenciação: Sobre as coisas ditas e não ditas. Fortaleza: Editora da Universidade Federal do Ceará – UFC, 2011.
CHAROLLES, M. Introdução aos problemas da coerência do texto. In: GALVES, Charlotte.
DICK, C. S. Funcional Grammar. Dorderecht-Holanda/Cinnaminson-EUA: Foris Publications, 1978.
GIVÓN, T. Funcionalism and Grammar. Amsterdam/Filadélfia: Jonh Benjamind Publishing Company, 1995.
GUIMARÃES, Ana Maria de Matos; MACHADO, Anna Rachel; COUITINHO, Antónia (organizadoras). O interacionismo sociodiscursivo: questões epistemológicas e metodológicas. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2007.
HABERMAS, J. Thérie de l’agir communicationnel, t. I et II., Paris, Fayard, 1987.
HALLIDAY, M.A.K. & HASAN, Rugaia. Cohesion in Ensglish. London: Longman, 1976.
KOCH, Ingedore Grunfield Vilhaça. A coesão textual: São Paulo: Contexto, 1996.
MACHADO, A. R. A perspectiva interacionista sociodiscursiva de Bronckart. In:
MACHADO, Anna Rachel e colaboradores. Linguagem e educação: o ensino e a aprendizagem de gêneros textuais. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2009.
MARCUSCHI, L. Anáfora indireta: o barco textual e suas âncoras. Revista Letras, Curitiba, n.56, p. 217-258, 2001.
SCHNEUWLY, B & DOLZ, J: Gêneros escritos na escola. Trad. R. Rojo & G. Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004.
DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-11179
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2018 Entrepalavras