Semântica e enunciação: a designação da palavra escravidão em artigos do jornal Folha da Noite do início do século XX

Carolina de PAULA MACHADO

Resumo


A escravidão deixou marcas que ainda não desapareceram e podem ser percebidas não apenas nos museus, em documentos, e objetos, mas também na desigualdade social que temos hoje, no racismo presente nas redes sociais, na violência de qualquer tipo, nas práticas de trabalho escravo que ainda existem, embora sejam crimes, etc. Considerando que é na e pela linguagem que essas práticas são significadas e perpetuadas, temos como objetivo, neste artigo, descrever os sentidos da palavra escravidão depois da abolição dos escravos no Brasil, no jornal “Folha da Noite”, no início do século XX. Perguntar pelos sentidos é buscar observar o que designa a palavra escravidão e, assim, identificar alguns sentidos que circularam e quais eram silenciados na época da primeira República. Esta pesquisa é desenvolvida tomando por base a Semântica do Acontecimento, uma semântica enunciativa que dialoga com a Análise de Discurso materialista. Para a realização das análises, selecionamos as ocorrências da palavra escravidão nos artigos jornalísticos e observamos dois procedimentos de textualidade: a reescrituração e a articulação. As análises revelaram uma relação semântica entre escravidão e o regime republicano, sendo que a República é significada como escravatura branca. Há, também, um deslizamento de sentidos que já significa algumas práticas no trabalho legal como escravidão.


Palavras-chave


Escravidão. Semântica. Designação.

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Referências


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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321.7.7.1.175-192

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