A ordem e a função do clítico SE no Português Clássico

Eloísa Maiane Barbosa Lopes, Cristiane Namiuti-Temponi

Resumo


O clítico SE se destaca dos demais clíticos por apresentar um comportamento diferente, pois, enquanto os outros clíticos estão associados à função sintática de objeto, o SE se associa às funções de sujeito ou objeto. Baseados em Brito, Duarte e Matos (2003), caracterizamos três tipos de SE associados às funções sujeito e objeto: SE-Passivo, SE-Indeterminado e SE-Reflexivo. Neste artigo, apresentamos uma descrição do uso do clítico SE nas construções finitas em orações principais neutras, com o objetivo de observar a possível existência de uma relação entre a posição e o tipo/função desse clítico em textos de autores portugueses nascidos nos séculos XVI, XVII e XVIII, período que compreende a gramática do Português Clássico, extraídos do Corpus Tycho Brahe. O uso de SE associado à função sujeito, SE-Passivo e SE-Indeterminado, nas orações principais neutras, parece favorecer a colocação enclítica nos contextos de variação, mesmo nos séculos XVI e XVII, em que a frequência de próclise é superior, pois, na distribuição do tipo de SE pela colocação, a frequência de ênclise para esses dois tipos de SE mantém-se bastante elevada nos contextos de variação ênclise/próclise, o oposto acontece com o SE-Reflexivo que mantém elevada frequência de próclise e ênclise marginal.


Palavras-chave


SE-Indeterminado; SE-Passivo; SE-Reflexivo

Texto completo:

PDF

Referências


ANTONELLI, André Luís. O clítico SE e a variação ênclise/próclise do Português Médio ao Português Europeu Moderno. 2007. 185f. Dissertação (Mestrado em Linguística) Instituto de Estudos da Linguagem. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.

BRITO, A. M.; Duarte, I.; MATOS, G. A Tipologia e distribuição das expressões nominais. In: MATEUS, Maria Helena Mira, et al. Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Caminho, 2003, p. 826 - 848.

CAVALCANTE, Silvia Regina de Oliveira. O uso de se com infinitivo na História do Português: Do Português Clássico ao Português Europeu e Brasileiro Moderno. 2006. 206f. Instituto de Estudos da Linguagem. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

CEGALLA, Domingos. Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010.

CHOCIAY, Luciane. O papel do tipo de clítico na ordem proclítica ou enclítica no Português Clássico. Campinas: UNICAMP, IEL (relatório), 2003.

CORPUS SEARCH. Corpus Search Users Guide. 2009. Disponível em: . Acesso em: 30 nov. 2015.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fonteira, 1985.

GALVES, Charlotte Marie Chambelland. Aluga-(se) casas: um problema de sintaxe portuguesa na teoria de regência e vinculação. Campinas: Preedição 2, 1986.

______. Ensaios sobre as gramáticas do português. Campinas: Editora da Unicamp, 2001.

______.; BRITTO, Helena de Sousa.; PAIXÃO DE SOUSA, Maria Clara. The change in clitic placement from Classical to Modern European Portuguese: Results from the Tycho Brahe Corpus. Journal of Portuguese Linguistics, Lisboa, v.4, n.1, p.39-67, 2005.

______.; NAMIUTI, Cristiane.; PAIXÃO de SOUSA, Maria Clara. Novas perspectivas para antigas questões: revisitando a periodização da língua portuguesa. In: ENDRUSCHAT, A.; KEMMLER, R.; SCHÄFER-PRIEB, B. (Orgs.). Grammatische Structuren des Europäischen Portugiesisch. Turbigen: Calapinus Verlag, 2006.

GOMES, Raimundo Francisco. O se indeterminador do sujeito, apassivador e reflexivo: uma leitura morfossintático-semântica. 2007. 186f. Tese (Doutorado em Letras) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - RS.

LOPES, Eloísa Maiane Barbosa. Um estudo diacrônico sobre a ordem e a função do clítico SE no Português Clássico. 2016. 170f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista.

NUNES, Jairo Morais Nunes. O famigerado se: uma análise sincrônica e diacrônica das construções com se apassivador e indeterminador. 1990. 172f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

UNIVERSIDADE DE CAMPINAS. Corpus Histórico Anotado do Português Tycho Brahe. 1998. Disponível em: . Acesso em: 2015.




DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321.7.7.2.151-169

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Entrepalavras © 2012. Todos os direitos reservados.
Av. da Universidade, 2683, Benfica, CEP 60020-180, Fortaleza-CE | Fone: (85) 3366.7629
Creative Commons License
Entrepalavras (ISSN: 2237-6321) está licenciada sob Creative Commons Attribution-NonCommercial 3.0.