Como mestrandos escrevem as seções de considerações finais nas áreas de linguística e políticas públicas

Cíntia Maria Barbosa de Sousa, Carlos Eduardo Mourão da Rocha

Resumo


Esta pesquisa tem como objetivo descrever, comparativamente, como os mestrandos das áreas de Linguística e Políticas Públicas agem retoricamente quando escrevem a seção de Considerações Finais da dissertação de mestrado. Tem-se como embasamento teórico-metodológico a perspectiva de análise de gêneros sob o viés Sociorretórico, com autores como Swales (1990, 2009, 2016), com os conceitos de gênero, propósito comunicativo e o modelo CARS; Hyland (2015, 2018) com discussões sobre cultura disciplinar. O corpus é composto por 10 dissertações de Linguística e 10 dissertações de Políticas Públicas realizadas no Programa de Pós-Graduação em Letras e no Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas, ambos da Universidade Federal do Piauí. A pesquisa utiliza uma abordagem mista, quantitativa e qualitativa. A análise revelou que os mestrandos em Linguística realizaram 11 passos retóricos para a escrita da seção Considerações Finais, enquanto da área de Políticas Públicas realizaram 9 passos. Desses, 7 passos foram comuns às duas áreas, revelando estratégias retóricas convencionais, mas os demais são particulares a cada cultura disciplinar. Conclui-se que as áreas de Linguística e Políticas Públicas buscam sintetizar ao leitor as informações mais relevantes que a dissertação revela, mas aquela preocupa-se com a construção da imagem de um autor solidário com o leitor, que indica o modo como a pesquisa deve ser interpretada. Já os escritores de Políticas Públicas buscam demonstrar a sua voz nesta seção, apresentando as implicações acadêmicas e sociais de sua pesquisa.


Palavras-chave


organização retórica; Linguística; políticas públicas; cultura disciplinar.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-22651

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