Construções encabeçadas por “como” no português

Diogo Oliveira da Silva, Joceli Catarina Stassi-Sé

Resumo


A pesquisa investiga, no âmbito da articulação de orações, construções encabeçadas por como em ocorrências parentéticas (JUBRAN, 2006) do tipo como se diz, como sabe, como é que se chama? nas variedades lusófonas do Corpus de Referência do Português Contemporâneo (2016), com o objetivo de discutir o estatuto funcional desse item, sob o enfoque da Gramática Discursivo-Funcional (GDF), de Hengeveld e Mackenzie (2008). Para isso, analisamos, à luz do modelo teórico da GDF, o estatuto de como nessas construções e seu escopo, considerando as camadas dos Níveis Interpessoal e Morfossintático da teoria. Em sua metodologia, a pesquisa leva em conta as propriedades discursivas, pragmáticas e morfossintáticas dessas construções, bem como o estatuto interpessoal e morfossintático de como nesses contextos de produção. A hipótese do trabalho é a de que essas construções, por não apresentarem uma oração principal à qual se subordinem, atuam em camadas mais altas do Nível Interpessoal da teoria. Como resultado, observamos as construções atuando (i) como Movimentos, com o como sendo marcador de Função interacional Resgate (STASSI-SÉ, 2012); e (ii) como Movimentos, com o como sendo um marcador de perguntas meditativas (FONTES, 2012), ambos os tipos atuando no monitoramento da interação verbal. Essa caracterização aponta para a tendência dessas construções operarem discursivamente, independentemente do tradicional valor semântico atribuído ao como em estudos orientados gramaticalmente.


Palavras-chave


Gramática Discursivo-Funcional; articulação de Orações; como.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-12601

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