A justaposição em propagandas: uma análise semântica, pragmática e semiótica

Adriana Cristina Lopes Gonçalves Mallmann

Resumo


A gramática normativa, no que se refere à estruturação do período composto, associa a justaposição às orações coordenadas assindéticas, descrevendo a justaposição como meramente uma questão de forma. Entretanto, analisando dados reais de interação, no caso deste estudo, as propagandas, atesta-se que, conforme proposto por Gonçalves Mallmann (2021), Gonçalves (2017) e Dias (2009), a justaposição é um processo sintático caracterizado pela autonomia sintática, por uma interdependência semântica e pela ausência de conector entre estas cláusulas. Assim, parte-se do questionamento proposto por Decat (2001), de que a justaposição é uma estratégia comum em propagandas, para verificar se, por apresentar um caráter semanticamente produtivo e aparentemente simples, a justaposição atenderia às demandas do gênero textual propaganda. Diante desse cenário, buscou-se, por meio dos parâmetros da Gramática do Design Visual de Kress; Van Leeuwen (2006) e do mapa cognitivo das afinidades semânticas propostas por Kortmann (1997), observar se os recursos pragmáticos e semióticos empregados nas peças publicitárias, em conjunto com o conteúdo circunstancial implícito nas cláusulas justapostas, corroboram com a finalidade comunicativa do gênero propaganda. Assim, a partir de 22 (vinte e dois) dados, apontam-se algumas reflexões acerca da relação expressiva e produtiva entre a justaposição e o gênero textual propaganda. As análises e discussões estabelecidas confirmam a hipótese de Decat (2001) de que emergem inferências circunstanciais na combinação destas cláusulas, elemento característico das orações justapostas. Além de serem um caracterizador das justapostas, as inferências relacionam-se com os elementos linguísticos e semióticos das propagandas, atendendo plenamente à função comunicativa das mídias.


Palavras-chave


justaposição; propagandas; pragmática; Gramática do Design Visual. Afinidade semântica.

Texto completo:

PDF

Referências


ABREU, A. S. Coordenação e subordinação - uma proposta de descrição gramatical. ALFA: Revista de Linguística, v. 41, 1997. Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/107747. Acesso em: fevereiro de 2023.

BAKHTIN, M. Questões de estilística no ensino da língua. São Paulo: Editora 34, 2013.

DECAT, M. B. N. A articulação hipotática adverbial no português em uso. In: DECAT, M. B. N; SARAIVA, M. E. F; BITTENCOURT, V. O; LIBERATO, Y. G. Aspectos da Gramática do Português: Uma abordagem funcionalista. Campinas: Mercado de Letras, 2001, cap.3, p.103-166.

DIAS, Maria de Lurdes. A articulação hipotática em construções proverbiais justapostas. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa). – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

GONÇALVES MALLMANN, A. C. L. A justaposição no continuum encaixamento, hipotaxe e parataxe. Tese (Doutorado em Língua Portuguesa) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.

GONÇALVES MALLMANN, A. C. L.; RODRIGUES, V. V. Avaliação e percepção: a expressividade de cláusulas justapostas. Revista Entretextos da UEL, Londrina, v. 20, p. 143/6-164, 2020. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/37307. Acesso em: fevereiro de 2023.

GONÇALVES MALLMANN, A. C. L.; RODRIGUES, V. V.. Não é o objeto, é a perspectiva: Justaposição como procedimento sintático. Uma análise sintática, pragmática e prosódica. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa). – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

HAIMAM, J., THOMPSON, S. A. Subordination in universal grammar. In: ANNUAL MEETING OF BERKELEY LINGUISTICS SOCIETY, 10, 1984, Berkeley. Proceedings Berkeley: Berkeley Linguistics Society, 1984.

HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. Londres: Edward Arnold Publishers Ltda, 1985.

HOFF, T.; GABRIELLI, L. Redação Publicitária. Rio de Janeiro, Elsevier, 2004.

KOCH, I. Argumentação e Linguagem. São Paulo: Cortez, 1996.

KORTMANN, B. Adverbial subordination. Berlin; New York: Mounton de Gruyter, 1997.

KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London; New York: Routledge, 2006 [1996].

LANGACKER, R. Foundations of Cognitive Grammar. Vol. 2, Descriptive Application. Stanford: Stanford University Press, 1987.

MATTHIENSESSEN, C. & THOMPSON, S. The structure of discourse and ‘subordination’. In: HAIMAN, John & THOMPSON, Sandra. (eds.) Clause combining in grammar and discourse. Amsterdam: John’s Benjamin Publishing, 1988, p. 275-329.

RODRIGUES, V. V.; GONÇALVES, A. C. L. Comprou, levou? Justaposição: procedimento sintático comum em propagandas. Revista Digital do Programa de Pós Graduação em Letras da PUC-RS. Porto Alegre, v. 8, n. 2, 2015. 409-421 p., julho/dezembro. Disponível em http://revistaeletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/. Acesso em: fevereiro de 2023.

SANDMANN, A. A linguagem da propaganda. São Paulo: Editora Contexto, 2010.




DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-12584

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


URL da licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/deed.es

Entrepalavras © 2012. Todos os direitos reservados.
Av. da Universidade, 2683, Benfica, CEP 60020-180, Fortaleza-CE | Fone: (85) 3366.7629
Creative Commons License
Entrepalavras (ISSN: 2237-6321) está licenciada sob Creative Commons Attribution-NonCommercial 3.0.