Multimodalidade, Dialogia e Raça: Djongador das Palavras

Bruna Carolini Barbosa

Resumo


A linguagem, mais que estrutura ou mero instrumento de comunicação, está indissociavelmente implicada no/pelo social. Partindo dessa premissa, este trabalho tem como objetivo analisar um vídeo-post da página “Quebrando o Tabu”, intitulado “Vai falar que todo preto é bandido? Mentira! – Djonga lendo comentários”, em que o rapper mineiro Djonga responde perguntas de internautas sobre diferentes temáticas, tais como violência, raça, racismo e antirracismo. A análise é realizada à luz dos pressupostos teóricos bakhtinianos, sobretudo ao que concerne a dialogia constitutiva do discurso, neste caso, o discurso digital.  Inicialmente, teorizamos acerca dos conceitos fundamentais ao trabalho; em um segundo momento, analisamos alguns segmentos discursivos do objeto, considerando sua multimodalidade. A discussão volta-se para o modo como são estabelecidas as relações dialógicas presentes e identificáveis nesta materialidade linguístico-discursiva, bem como para a constituição das categorias raça e racismo. As análises apontam para a compreensão de que o discurso é composto por uma trajetória ideológica de sentido, observável e desvelada nos gestos de interpretação, em que as dimensões sócio-históricas estão necessariamente implicadas.


Palavras-chave


Análise Dialógica. Discurso. Raça.

Texto completo:

PDF

Referências


ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.

AZEVEDO, M. C. S.; DAMASCENO, M. Negação da realidade histórica: Racismo Reverso entre Colonialidade, Direito e Diferença. Revista Videre, Dourados, MS, v. 13, n. 28, p. 312-330, set./dez. 2021. Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/videre/article/view/12863. Acesso em: 18 mar. 2022.

BARROS, D. L. P. de. Contribuições de Bakhtin às teorias do discurso. In: BRAIT, B. (Org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Unicamp, 1997.

BRAIT, B. Olhar e ler: verbo visualidade em perspectiva dialógica. Bakhtiniana, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 43-66, jul./dez. 2013.

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BAKHTIN, M. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução de Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. 2. ed. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010.

BAKHTIN, M. Por uma metodologia das ciências humanas. In: BAKHTIN, M. Notas sobre a literatura, cultura e ciências humanas. Tradução, organização, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2017. p. 57-79.

BAKHTIN, M.; VOLOCHINOV, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

BARONAS, R. L; ARAUJO, L. M. B. M; PONSONI, S. Reflexões acerca da análise dialógica dos discursos verbo-visuais: um caso de humor na política brasileira. Bakhtiniana, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 24-42, jul./dez. 2013.

BENTO, C. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

FIORIN, J. L. Interdiscursividade e intertextualidade. In: BRAIT, B. (Org.). Bakhtin: outros conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2014. p. 161-193.

GUIMARÃES, A. S. A. Racismo e anti-racismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2005.

LEAL, A. P. de B; COSTA, A. C. de S. Os efeitos discursivos nas mensagens de aplicativos de conversas virtuais. In: LIMA, A. M.; FIGUEIREDO-GOMES, J. G.; SOUZA, J. M. R. de (Org.). Gêneros multimodais, multiletramentos e ensino. São Carlos: Pedro & João Editores, 2019. P. 35-42.

LEÃO, J. O. Breves considerações sobre o “Conceito de ironia em Soren Kierkegaard”. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, v. 13, n. 144, p. 6-11, maio 2013.

MACDONELL, D. Theories of Discourse: An Introduction. Oxford: Basil Blackwell, 1986.

MACIEL, I.; SOUZA, I.; SILVA, I.; GOMES, M. Todo dia um branco passando vergonha: uma pesquisa sobre a relação entre a apropriação cultural e o discurso do racismo reverso. São Paulo, 2019. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4702121/mod_resource/content/1/Todo%20dia%20um%20branco%20passando%20vergonha_comentado.pdf. Acesso em: 18 dez. 2021.

ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios & procedimentos. Campinas: Pontes, 1999.

ORLANDI, E. P. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 6. ed. Campinas: UNICAMP, 2007.

RODRIGUES, L. P.; DANTAS, M. A. C. de O. Gêneros orais e ensino: entre o dito e o prescrito. Linha D’Água, São Paulo, v. 28, n. 2, p. 137-153, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v28i2p137-153. Acesso em: 7 jan. 2022.

SANTOS, D. J. da S.; PALOMARES, N. B.; NORMANDO, D.; QUINTÃO, C. C. A. Raça versus etnia: diferenciar para melhor aplicar. Dental Press Journal of Orthodontics, Resende, SP, v. 15, n. 3, p. 121-124, jun. 2010.

SILVA, G. H. G. Um panorama das ações afirmativas em universidades federais do sudeste brasileiro. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 49, n. 173, p. 184-207, jul./set. 2019.

SOUZA, A. L. S. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: HIP-HOP. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

SIPRIANO, B. F.; GONÇALVES, J. B. C. O conceito de vozes sociais na teoria bakhtiniana. Revista Diálogos, Cuiabá, v. 5, n. 1, p. 60-68, 2017. Disponível em: http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/revdia. Acesso em: 15 nov. 2021.




DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-32551

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


URL da licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/deed.es

Entrepalavras © 2012. Todos os direitos reservados.
Av. da Universidade, 2683, Benfica, CEP 60020-180, Fortaleza-CE | Fone: (85) 3366.7629
Creative Commons License
Entrepalavras (ISSN: 2237-6321) está licenciada sob Creative Commons Attribution-NonCommercial 3.0.