A metaforização dos sentidos na nomeação do ensino escolar em tempo de pandemia

Ana Claudia Dias Ribeiro, Ana Cláudia Martins de Oliveira

Resumo


Neste trabalho, objetivamos problematizar a metaforização dos sentidos das palavras utilizadas para nomeação do ensino escolar, em tempos de pandemia, por meio dos enunciados contidos na materialidade discursiva em notícias de jornais e documentos oficiais que circularam, na mídia, durante o período de suspensão das aulas presenciais. Nossa pesquisa fundamenta-se no campo teórico-analítico da Análise de Discurso (doravante, AD) de matriz francesa, partindo das teorizações de Michel Pêcheux e de outros autores passíveis de diálogo com essas teorias. Buscamos compreender a utilização de diferentes formulações referentes ao ensino escolar, tais como remoto, a EaD e as aulas on-line, analisando como elas se inserem na memória discursiva, modificando e deslocando-se nas materialidades que circulam em meio ao acontecimento discursivo, pandemia. Em nosso gesto de interpretação, vamos descrever e interpretar a materialidade selecionada, observando a metaforização como constitutiva do funcionamento da discursividade, considerando que a metáfora é o ponto de articulação entre o equívoco e o non-sens. As análises mostram que a pandemia propiciou um deslizamento na forma como o ensino escolar é significado. O espaço escolar não é mais o mesmo, as metodologias de ensino também não são, pois a sala de aula migrou para a casa dos professores e dos alunos.


Palavras-chave


Metaforização dos sentidos. Ensino escolar. Memória discursiva. Pandemia.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-32351

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