Práticas discursivas de colonialidade no aplicativo Grindr: a masculinidade homoerótica patologizada

Rusanil dos Santos Moreira Júnior, Sérgio Ifa

Resumo


Sob a perspectiva da Linguística Aplicada, este artigo objetiva analisar as linguagens e os discursos construídos e (re)produzidos sobre masculinidade homoerótica no Grindr, um aplicativo social para gays. Entende-se que as práticas discursivas são motivadas por escolhas ideológicas que provocam e perpetuam diferentes efeitos no mundo social: normalização e controle de certas visões sobre outras. Nessa perspectiva, este trabalho se apoia nos estudos sobre colonialidade do poder, nos estudos queer e nos estudos sobre as masculinidades. Para as interpretações, foram consideradas as informações relacionadas ao layout do Grindr, as categorias relacionadas ao perfil de usuário e 167 respostas de perfis de usuários. Os resultados evidenciam uma masculinidade homoerótica patologizada e (re)produzida, sob a égide de uma masculinidade hegemônica, a partir de discursos coloniais socializados em um regime de terrorismo cultural.


Palavras-chave


Discursos. Colonialidade. Masculinidade. Homossexualidade. Aplicativo Grindr.

Texto completo:

PDF

Referências


BADINTER, E. XY: sobre a identidade masculina. Tradução: Maria Ignez Duque Estrada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.

BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 11, p. 89-117, 2013.

BORRILLO, D. Definições e questões terminológicas. In: BORRILLO, D. Homofobia: história de um preconceito. Tradução: Guilherme João de Freitas Teixeira. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015, p. 21-41.

BUTLER, J. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO, G. L. (org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019, p. 191-219.

CONNELL, R. Masculinities. California: University of California Press, 2005.

DARDE, V. A construção de sentidos sobre a homossexualidade na mídia brasileira. Em Questão, Porto Alegre, v. 1, n. 2, p. 223-234, jul/dez, 2008.

DUSSEL, E. 1492: El encubrimiento del Otro: hacia el origen del “mito de la Modernidad”. La Paz: Plural Editores, 1994.

FABRÍCIO, B. Linguística Aplicada como espaço de “desaprendizagem”: redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006, p. 45-65.

GROSFOGUEL, R. Para descolonizar os estudos da economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 80, p. 115-147, 2008.

HENDEL, L. Ciudadanía de baja calidad. In: HENDEL, L. Violencias de género: las mentiras del patriarcado. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Paidós, 2017, p. 37-74.

JANUÁRIO, S. Masculinidade: historicidade, pluralidade e construção. In: JANUÁRIO, S. Masculinidades em (re)construção: gênero, corpo e publicidade. Covilhã: Labcom Books, 2016, p. 80-151.

LOURO, G. Educação e docência: diversidade, gênero e sexualidade. Revista Formação Docente, Belo Horizonte, v. 3, n. 4, p. 62-70, 2011.

LOURO, G. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições, Unicamp, v. 19, n. 2, p. 17-23, 2008.

MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007, p. 127-168.

MIGNOLO, W. Desafios decoloniais hoje. Epistemologias do Sul. Foz do Iguaçu/PR, p. 12-32, 2017.

MISKOLCI, R. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica Editora: UFOP, 2017. (Série Cadernos da Diversidade).

MOITA LOPES, L. P. Linguística Aplicada como lugar de construir verdades contingentes: sexualidades, ética e política. Revista Gragoatá, Niterói, n. 27, p. 33-50, 2009.

MOITA LOPES, L. P. Uma linguística aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como linguista aplicado. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006, p. 13-44.

MOREIRA JÚNIOR, R. S. As perspectivas dos outros: uma necessidade na pesquisa em Linguística Aplicada. Revista Leitura, Maceió, v. 1, n. 60, p. 62-68, jan./jun. 2018.

MOTA NETO, J. C. Por uma pedagogia decolonial na América Latina: reflexões em torno do pensamento de Paulo Freire e Orlando Fals Borda. Curitiba: CRV, 2016.

QUIJANO, A. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, E. (org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000.

ROHLING, N. A pesquisa qualitativa e análise dialógica do discurso: caminhos possíveis. Cadernos de Linguagem e Sociedade, v. 15, p. 44-60, 2014.

SANTOS, B. Na oficina do sociólogo artesão: aulas 2011-2016. São Paulo: Cortez, 2018.

TIMERMAN, A.; MAGALHÃES, N. A história por trás das histórias. In: TIMERMAN, A.; MAGALHÃES, N. Histórias da Aids. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015, p. 77-143.

VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução: Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2018.




DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-32149

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Entrepalavras © 2012. Todos os direitos reservados.
Av. da Universidade, 2683, Benfica, CEP 60020-180, Fortaleza-CE | Fone: (85) 3366.7629
Creative Commons License
Entrepalavras (ISSN: 2237-6321) está licenciada sob Creative Commons Attribution-NonCommercial 3.0.