Revelando o Brasil em Marighella: entre a recepção cinematográfica e a perspectiva bakhtiniana

Guilherme de Moura Cunha

Resumo


Este artigo visa analisar, através de um olhar diacrônico sobre a formação do cinema nacional, uma série de reações expressas diante da produção de Marighella (2019), filme de Wagner Moura. A partir de um recorte da estética da recepção de Metz (1977), formulada pela semiologia do cinema, pretende-se discutir como a obra brasileira é vista na emergência de seu lançamento, considerando aspectos ideológicos que moldam a representação social e a crítica cinematográfica. Para depreender as ideologias em jogo, faz-se também um diálogo com as noções de interação verbal e dialogismo, de Bakhtin (2002; 2003; 2013a; 2013b) e Bakhtin/Volóchinov (2014), que preconizam a articulação semiótico-ideológica do signo como expressão máxima da linguagem humana. A partir dessas bases, realiza-se um estudo na rede social brasileira Filmow, destinada à catalogação e à avaliação de obras fílmicas, para analisar a natureza dos comentários publicados sobre o filme selecionado. Dessa maneira, por uma observação qualitativa de vinte críticas, depreende-se um efervescente embate em torno da imagem do guerrilheiro e uma sobreposição da metacrítica, que lança juízos de valor sobre as avaliações dos demais usuários.


Palavras-chave


Cinema brasileiro. Teoria bakhtiniana. Marighella.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-12041

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