A assexualidade no discurso jornalístico: uma análise discursiva

Lucas Gonçalves Pereira, Célia Bassuma Fernandes

Resumo


O presente trabalho teve por objetivo analisar como o discurso jornalístico significou a assexualidade, bem como os efeitos de sentido que nele irromperam a partir da reportagem “Assexuais: a quarta orientação sexual?”, que circula na página eletrônica do jornal espanhol El País. Buscamos ainda verificar se o discurso jornalístico colaborou para sedimentar sentidos sobre a assexualidade ou rompeu com padrões já estabelecidos na nossa formação social. A pesquisa foi desenvolvida pelo viés da Análise de Discurso de linha francesa, fundada por Michel Pêcheux, na década de 1960, na França, e desenvolvida por Eni Orlandi (1996, 2003), no Brasil, e demais pesquisadores que com ela (com)partilham do mesmo escopo teórico. Após as análises, verificamos que, na reportagem, a assexualidade é significada como uma orientação sexual cujos indivíduos buscam reconhecimento. Verificamos também que houve a quebra de padrões estabelecidos em nossa sociedade, não só em relação a sentidos acerca dos assexuais como acerca do sexo em si. Desse modo, asseveramos que o objeto simbólico recortado para análise rompe com pré-construídos acerca da assexualidade, pois coloca em xeque padrões e valores já impostos sobre o sexo em nossa formação social, permitindo ao sujeito aceitá-los, questioná-los ou negá-los.


Palavras-chave


Assexualidade. Discurso. Sentido.

Texto completo:

PDF

Referências


AYUSO, Barbara. Assexuais: a quarta orientação sexual?. El País, Madri, 4 out 2016. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/25/estilo/1474774500_292073.html. Acesso em: 25 abr 2018.

BENETTI, Marcia. O jornalismo como gênero discursivo. Revista Galáxia, v 8, n 15. São Paulo: PUCSP, 2008.

COURTINE, Jean Jacques. Análise do Discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. São Paulo: EDUFSCAR, 2009.

KINSEY, Alfred C. Sexual Behavior in the Human Male. Philadelphia: W.B. Saunders, 1948.

KINSEY, Alfred C. Sexual Behavior in the Human Female. Philadelphia: W.B. Saunders, 1953.

MOTA, Murilo Peixoto da. Gênero e sexualidade: fragmentos de identidade masculina nos tempos da AIDS. Cad. Saúde Pública. v.14. n.1. jan./mar.1998. p.145-155.

OLIVEIRA, Elisabete Regina Baptista de. “Minha vida de Ameba”: os scripts sexonormativos e a construção social das assexualidades na internet e na escola. 2015. 225 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

ORLANDI, Eni. A Linguagem e seu Funcionamento: As Formas do Discurso. São Paulo: Pontes, 1996.

ORLANDI, Eni. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 4. ed.Campinas: Pontes, 2003.

PÊCHEUX, Michel; FUCHS, Catherine. A propósito da Análise Automática do Discurso: atualização e perspectivas. In: GADET, F.; HAK, T. Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Unicamp, 1997.

PÊCHEUX, Michel. Papel da Memória. Trad. José Horta Nunes. 3 ed. Campinas, SP: Pontes, 2010.

PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica afirmação do óbvio. Trad. Eni Orlandi [et. al.]. 3. ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2014.

STORMS, Michael D. Theories of Sexual Orientation. Journal of Personality and Social Psychology, Vol. 38, No. 5, p. 783-792, 1980.




DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-31538

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Entrepalavras © 2012. Todos os direitos reservados.
Av. da Universidade, 2683, Benfica, CEP 60020-180, Fortaleza-CE | Fone: (85) 3366.7629
Creative Commons License
Entrepalavras (ISSN: 2237-6321) está licenciada sob Creative Commons Attribution-NonCommercial 3.0.