“Gramática é conceitualização”

Maria Claudete Lima

Resumo


Ancorado numa abordagem cognitivo-funcional (LANCKAGER, 1987, 1991, 2000), este trabalho tem por objetivo demonstrar o papel de funções cognitivas, como a memória, a atenção e a percepção, na codificação verbal da experiência. Para tanto, analisa a topicalidade, o estatuto informacional e a saliência cognitiva de 1061 construções de voz passiva, média e impessoal, retiradas de um corpus do português arcaico, a Crônica Geral de Espanha de 1344. Os resultados da análise dessas variáveis indiciam que estas construções estão relacionadas aos quatro ajustes focais, ligados à percepção e à atenção, que atuam na conceitualização de eventos: focalização, perspectiva, especificidade e proeminência. Embora haja diferença no tipo de ajuste que predomina em uma construção ou outra, a relação entre o tipo de construção de voz e os ajustes focais mostra que a gramática é conceitualização, como a considera a gramática cognitiva.


Palavras-chave


Conceitualização. Voz verbal. Ajustes focais.

Texto completo:

PDF

Referências


CAMACHO, R.. Construções de voz. In: ABAURRE, Maria Bernadete e RODRIGUES, Angela C.S. (Orgs) Gramática do português falado. Campinas: Editora da Unicamp. pp.227-316, 2002.

CAMACHO, R. Em defesa da categoria de voz média no português. Revista D.E.L.T.A. 19:1, pp. 91-122, 2003. Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2018.

CHAFE, W. “The recall and verbalization of past experience” in: R. COLE (ed) Current issues in linguistic theory. Bloomington: Indiana University Press, 1977.

CHAFE, W. Discourse, consciousness and time. Chicago/London: University of Chicago Press. 1994.

CINTRA, L.F.L. (Ed.). Crónica Geral de Espanha de 1344. edição critica. Lisboa, Academia de Ciencias, 1951. Disponivel em: . Acesso em: 15 abr. 2018.

CROFT, W.;CRUSE, D. A. Cognitive linguistics. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

DELANCEY, S. Transitivity in grammar and cognition. In: TOMLIN, Russell S. Coherence and grounding in discourse. Amsterdam: John Benjamins, 1987.

DIK, S.C. The theory of functional grammar. 2. ed. Berlin, New York: Mouton de Gruyter, 1997. 2v.

GIVÓN, T. Syntax: an introduction. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2001.

GIVÓN, T. English grammar: a function-based introduction. Amsterdam: John Benjamins. v.1, 1993.

GIVÓN, T. Functionalism and grammar. Philadelphia, J. Benjamins, 1995.

KEMMER, S. The middle voice. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 1993.

LANGACKER, R W. Foundations of cognitive grammar: theoretical prerequisites. Stanford, California: Stanford University Press. v.1, 1987.

LANGACKER, R. Foundations of cognitive grammar. Descriptive application. Stanford/California: Stanford University Press, 1991.

LANGACKER, R. W.. A course in cognitive grammar. California: University of California. Preliminary draft. 2000.

LIMA, M. C. A não-atribuição de causalidade na Crônica Geral de Espanha de 1344. 2009. 471 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2009. Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2018.

POTTIER, B. Semantique generale. Paris: Presses Universitaires de France, 1992.

PRINCE, E. Toward a taxonomy of given/new information. In: COLE, P. (ed.) Radical pragmatics. New York, 1981.

VARELA, F. J.; THOMPSON, E.; ROSCH, E. A mente incorporada: ciências cognitivas e experiência humana. Porto Alegre: Artmed, 2003.




DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321-6esp1238

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Entrepalavras © 2012. Todos os direitos reservados.
Av. da Universidade, 2683, Benfica, CEP 60020-180, Fortaleza-CE | Fone: (85) 3366.7629
Creative Commons License
Entrepalavras (ISSN: 2237-6321) está licenciada sob Creative Commons Attribution-NonCommercial 3.0.